Blog do Espaço

Como lidar com um gatilho emocional ativado?

Você já deve ter visto algum “ALERTA DE GATILHO” por aí nas redes sociais ou em textos, programas de tv e rádio. Este movimento, sem dúvidas, já representa uma expansão da conscientização coletiva sobre cuidados em saúde mental. Esta mobilização de cuidado inclusive tem ajudado muitas pessoas a perceberem que têm gatilhos emocionais que nem se davam conta. Mas a pergunta que não quer calar é: como lidar com um gatilho emocional que foi ativado? Esta é a pergunta que vou responder neste texto! Vem comigo…

Para saber como lidar com um gatilho emocional que foi ativado, antes precisamos entender:

  • O que é um gatilho emocional?
  • Como e por que os gatilhos emocionais são ativados?
  • Como identificar seus gatilhos emocionais e lidar com eles?

Vamos começar este caminho de ampliação de compreensão já, já, mas antes me deixem fazer uma ressalva: aproveite esta leitura para prestar atenção ao que você sente enquanto lê. Se sentir qualquer desconforto emocional, observe e busque compreender, mas, se sentir que está muito desconfortável e que precisa de ajuda, clique neste link, onde você pode falar com uma psicóloga da nossa equipe por WhatsApp. Ela pode ajudá-lo a entender se é a hora de procurar ajuda psicológica. Agora, se você estiver conseguindo administrar suas emoções e avançar nas reflexões, vamos adiante!

O que é um gatilho emocional?

A palavra “gatilho” remete a “disparo“, como se fosse uma alavanca que aciona algo com intensidade. Mas o que é disparado? Uma reação neuropsicológica que desencadeia variadas emoções, pensamentos e atitudes. Neste momento você pode até estar se perguntando, mas como uma palavra, uma frase ou uma situação podem desencadear tantos processos? Bem, a questão é que nosso cérebro faz conexões atemporais, que passeiam pelas experiências marcantes da nossa história. É aí que os gatilhos nos conectam.

Observem que os gatilhos podem nos levar a reviver diversos tipos de experiências. Das mais prazerosas e nostálgicas às mais traumáticas e devastadoras. Aquelas conexões que nos fazem sentir bem geralmente são bem vindas, mas aquelas que nos remetem a sentimentos de angústia e ansiedade, queremos que não venham à tona.

Como e por que os gatilhos emocionais são ativados?

Muitas vezes basta uma palavra ou uma imagem que nos remeta a alguma experiência traumática e pronto, lá vem aquela reação de estresse que pode até se transformar em uma crise de ansiedade ou desencadear crise de choro. Mas há também aquelas pessoas que não lembram das experiências traumáticas que viveram. Nesses casos, experimentam um sentimento de desconforto não especificado e, muitas vezes, sequer percebem que esse sentimento é fruto de um gatilho emocional que foi disparado. É por isso que é tão importante aprendermos a reconhecer os gatilhos emocionais que temos, como eles nos impactam e o mais importante: como elaborar essas experiências.

Se há gatilhos emocionais é porque temos processos para serem compreendidos, elaborados e ressignificados ao longo da vida. E muitas destas circunstâncias podem ter seus significados transformados através de processos terapêuticos.

Mas atenção: não há gatilhos mais ou menos importantes! As experiências que vivemos são únicas, assim como nossos processos psicológicos de convívio com nossas realidades, eles são profundamente pessoais. O que vemos nas redes sociais são alguns alertas de gatilhos de experiências traumáticas que muito provavelmente gerariam reações de sofrimento em muitas pessoas, como: preconceitos, discriminações, agressões, violências sexuais, de gênero, raciais, entre outras. E este já é um cuidado mínimo em respeito às vivências de milhares de pessoas. Mas há diversos gatilhos que acionam processos pessoais que nem sequer são percebidos e ainda assim são importantes para quem vive.

Então, percebam, ter consciência de que temos gatilhos emocionais que podem ser ativados a qualquer momento, assim como as pessoas ao nosso redor, traz para nossas relações interpessoais um cuidado para com as outras pessoas e o que elas podem estar vivendo. Assim como traz uma abertura para nossas próprias vivências. Uma autorização para nos permitirmos perceber o que sentimos, como as experiências nos afetam e abrir canais de comunicação, elaboração e ressignificação.

E outra vez vou dizer: atenção! Desta vez o alerta é para processos de culpabilização. É verdade que todos estamos sujeitos a experimentar processos de gatilhos emocionais ativados, assim como é verdade que todos estamos sujeitos a ativar processos de gatilhos emocionais de alguém, sem nem perceber. Sobre isso, vale refletir se seus comportamentos geram sentimento de desconforto no outro com frequência, busque ampliar suas compreensões. Esse processo pode promover autoconhecimento em você também. Mas se você tem se sentido culpado com frequência, você também pode estar precisando de ajuda psicológica.

Esse processo de conscientização sobre questões emocionais presentes nas nossas relações é profundamente complexo. Quando caímos em processos de culpabilização do outro ou de nós mesmos, podemos viver conflitos relacionais impactantes, gerando afastamentos e até rompimentos. Então, vamos entender agora como podemos identificar e lidar com os gatilhos emocionais.

Como identificar seus gatilhos emocionais e lidar com eles?

Se você experimentou uma sensação repentina de mal-estar emocional, um gatilho emocional pode ter sido ativado. Você pode ter vários gatilhos emocionais decorrentes das suas experiências. Quanto mais suas experiências foram elaboradas e ressignificadas, menores serão suas reações aos gatilhos, por outro lado, quanto mais distante a experiência traumática estiver da sua consciência, provavelmente as reações emocionais aos gatilhos serão mais intensas ou, ao menos, estranhas e inesperadas.

O que seu organismo está tentando revelar é que experiências semelhantes a esta que está disparando um gatilho não foram benéficas para você no passado. É uma tentativa de preservação e cuidado. As reações emocionais são um alerta, então não vai adiantar tentar expulsar de você as reações a qualquer custo. Experimente esses 3 passos a seguir, eles podem ajudá-lo:

– Se algum gatilho emocional foi disparado, busque um lugar confortável ou uma relação de confiança que possa acolher você. Essas reações mais intensas vão minimizar em alguns minutos. Aguarde o acolhimento te proporcionar segurança para que as reações minimizem a ponto de você sentir que pode compartilhar sua experiência.

– Comunique suas sensações e sentimentos e busque compreender ao que elas o remetem e o que elas significam. Mesmo que a compreensão não esteja plenamente nítida, busque ampliar suas percepções até onde for possível neste momento.

– Lembre-se que você está em outro momento da sua vida hoje, busque os significados que suas experiências de vida lhe permitem sentir em relação ao que você viveu. Busque os recursos emocionais e as redes de apoio que você tem hoje, e que podem lhe auxiliar na construção de novas atitudes diante do que você viveu.

Os gatilhos emocionais são desagradáveis de serem vividos, isto é verdade! Então não precisam ser sempre acionados para que possam ser elaborados. Mas se, e quando, esse processo acontecer, então podemos viver essa experiência como uma possibilidade de acolhimento e, se possível, de resgate do nosso poder de enfrentamento.

Saiba que se você viveu uma situação de gatilho emocional acionado ou se descobriu que acionou o gatilho emocional de alguém, uma consulta psicológica pode ajudar. Se quiser conversar com uma psicóloga da nossa equipe, é só clicar nesse link.

Seguimos no desejo de que a consciência dos processos emocionais e da saúde mental possam fazer cada vez mais parte do nosso dia a dia!

Maira Flôr

Maira Flôr

Psicóloga, CRP 12/08932

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados:
Relacionamento Humano

Que história é essa?

Certo dia eu estava em uma farmácia fazendo compras e escutei o pedido de socorro de uma voz masculina. Imediatamente, parei o que estava fazendo

Ler Mais »
Assine a Newsletter do Espaço!

Compartilhe: