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I Survived 2017

No final do ano passado fiquei impressionada com a quantidade de vezes que ouvi e li nas redes sociais comentários que diziam: “Está chegando o primeiro dia do resto das nossas vidas”. Apesar dos motivos serem bem variados, todos anunciavam a vinda do novo e a disposição para viver algo que acreditavam estar por vir. O mais interessante de tudo isso é que, diferente das outras vezes, não se estava falando do ano novo. A referência era a algo novo que estava para acontecer.

Foi fascinante ver as pessoas envolvidas pela esperança, anseios e expectativas de uma vida nova; darem espaço para a positividade e passarem a acreditar que dias melhores virão.

Se, por um lado, essa crença pode nos ajudar a manter acesa a chama da positividade, por outro, na maioria das vezes tem nos levado a construir um ideal de mundo e, com ele, a possibilidade de experimentarmos, mais cedo ou mais tarde, o gosto amargo da desilusão e do desânimo.

E sabem por quê? Porque, apesar das boas novas, é certo que as situações adversas estarão presentes no nosso dia a dia. Não sabemos quando, onde, como elas se apresentarão e nem se iremos superá-las, mas elas existirão. A questão é que nós, acostumados a desconsiderar essa parte da experiência, somos pegos de surpresa tantas vezes que podemos nos deixar levar pela desesperança.

Mas o que podemos fazer para mudar o rumo dessa história?

A vida tem me mostrado que precisamos reaprender a lutar contra o medo de não sermos capazes de cuidar de nós mesmos e resistir à tentação de esperar que o outro resolva os nossos infortúnios, para, enfim, resgatar a confiança na nossa capacidade de fomentar saídas saudáveis para as contrariedades da vida. Essa talvez seja a única saída para mantermos viva a chama da positividade e assegurarmos a continuidade do nosso crescimento.

Pois bem! Cheguei ao último dia do ano completamente absorvida por essas reflexões. Até que, enquanto me arrumava para a despedida do ano, o chamado de um dos meus filhos interrompeu meus pensamentos: “Mãe, vem aqui!”

Assim que entrei em seu quarto, minha contrariedade materna se transformou em uma grata surpresa. Ele estava vestido de branco, com uma camiseta que estampava em letras garrafais a frase: “I SURVIVED 2017”. Imediatamente fui tomada por uma sensação agradável. Uma rápida retrospectiva dos últimos dozes meses da minha vida ajudou-me a perceber que eu não poupei esforços para enfrentar todos os obstáculos de 2017. Ora com um toque de doçura misturado com um tom de bravura, ora com um toque de impaciência combinado, por vezes, com um tom explosivo, mas sempre disposta a encontrar uma saída saudável para os entraves da vida.

E querem saber mais? Terminei o ano imensamente feliz por reconhecer que não me esforcei sozinha. Minha família, amigos, conhecidos, alunos e ex-alunos, clientes e leitores tinham se esforçado também. Somos todos sobreviventes. Você também é um sobrevivente como eu. Não tenho dúvida de que, em algum nível, todos enfrentaram uma situação adversa e responderam positivamente ao sofrimento.

A psicologia tem chamado essa atitude perante a vida de RESILIÊNCIA. Uma postura que entende as situações adversas como uma possibilidade de superar os próprios limites em vez de considerar os impedimentos da vida como um mero entrave que precisamos neutralizar.

Diferente do que muitos podem estar pensando, não se trata de adquirir uma invulnerabilidade ou resistência absoluta, mas a possibilidade de desenvolver uma flexibilidade interna capaz de modificar-se de forma produtiva para interagir com êxito aos infortúnios da vida.

Estamos diante de uma prática que depende do desenvolvimento de habilidades e que consolida um jeito de ser que se caracteriza por estar no mundo com otimismo, esperança em relação ao futuro, criatividade, senso de humor, flexibilidade, proatividade, autoconhecimento, autoestima, consciência do seu valor e lugar no mundo, empatia, respeito pelo outro, responsabilidade e determinação, entre outras.

Puxa! São tantas habilidades para aprimorar, que muitos de vocês podem estar se perguntando: será que conseguirei desenvolver essas habilidades? Serei capaz de aumentar a minha condição de enfrentar as situações adversas?

Isso somente a caminhada poderá responder. Como diria Antonio Machado, “Caminhante, são teus passos, o caminho e nada mais; Caminhante, não há caminho, faz-se o caminho ao andar…”.

Vamos lá?

Anita Bacellar

Anita Bacellar

Responsável Técnica, CRP 12/01329

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