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Casamento real

“Era uma vez um príncipe, que se apaixonou por uma plebéia, mas superou as regras da realeza e casou-se com sua princesa…” Conhecem essa história, não é? Desta vez, ela não saiu dos contos de fadas, já que o príncipe Harry casou-se com a atriz Meghan Markle. Sem dúvidas um casamento inovador para os parâmetros tradicionais da realeza inglesa, mas que ainda assim nos faz lembrar do casamento ideal que acompanha os sonhos de gerações. Este evento nos provoca questionamentos do tipo: como é um casamento real? Neste caso, real de realidade, não de realeza. Um trocadilho espontâneo, mas oportuno, não acham?

As influências que nos levam a fantasiar um casamento ideal são muitas: contos de fadas, brincadeiras infantis, desejos de viver em completa harmonia. No entanto, nossas gerações atuais estão se dando conta de que manter o casamento em que “sejam felizes para sempre” pode trazer certas dificuldades, que muitos de nós não estão mais dispostos a vivenciar. Abrir mão de sonhos pessoais e até de quem se é para nos misturar com o desejo do outro, tem sido cada vez mais inaceitável para a maioria das pessoas.

Estamos diante de uma revolução nas relações amorosas. As pessoas têm buscado liberdade para as suas individualidades existirem e se a outra pessoa da relação não der espaço: “tchau”. O foco deixou de ser manter o casamento a qualquer custo. Enquanto não encontramos uma pessoa que queira construir sua vida lado a lado respeitando a liberdade pessoal, é melhor ficar sozinho. E a procura continua em meio aos muitos “contatinhos”.

Não quer dizer que as pessoas não buscam mais relações duradouras, ao contrário. A sensação de solidão e o desejo de compartilhar momentos da vida está presente nos seus sentimentos diários. No entanto, esse sentimento não as impede mais de avaliar a realidade e, mesmo que doa, reconhecer que um relacionamento não está mais saudável e que precisa ser encerrado.

Parece que nas gerações atuais estamos aprendendo a respeitar nossos sentimentos, sermos sinceros, reconhecer necessidades e mudar, se necessário. Hoje casamos, antes de mais nada, conosco mesmos! O juramento do casamento se transformou em um juramento para nossa própria existência. Assumimos o compromisso de: “sermos fiéis, amarmos e respeitarmos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida, até que a morte chegue”, só que prometemos isso para nós mesmos.

Agora imaginem duas pessoas que prometem isso para si em uma relação! Este é o desenho de uma relação duradoura na atualidade. Relações íntimas são construídas ao longo do tempo e acontecem enquanto caminhos pessoais convergem e trocas ocorrem. As discussões e até os conflitos servem para ampliar a percepção de ambos sobre quem são e sobre a realidade que estão vivendo. O “abrir mão de si pelo outro” deixa de existir e dá lugar a uma percepção de que o “nós” faz sentido. Ambos existem dentro da relação e constroem, assim, uma vida e uma família com espaço para todos.

Talvez agora estejamos em melhores condições para compreender o que Vinícios de Morais quis dizer com: “que seja infinito enquanto dure”.

Doralina Enge Marcon

Doralina Enge Marcon

Psicóloga, CRP 12/10882

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